“A beleza do mundo é o orifício do labirinto”
Simone Weil
Simone Weil
A fascinação que as pedras na paisagem mediterrânica exercem sobre os cultores da Grécia Antiga só tem comparação com a desilusão do turista laico que espera que alguma substância, preferentemente medida pela fita métrica, pelos custos ou pela dificuldade técnica, corresponda à fama dos lugares.
A ubérrima Itália oferece-se a todo o género de cultos, mesmo ao mais materialista e prático. Os vestígios do passado, na maioria dos casos, não estão reduzidos à coluna ou foram recobertos por uma monumentalidade mais recente e que se pode admirar sem grande dispêndio de imaginação.
Mas na Grécia, a ocupação bizantina e otomana se não destruiu completamente a memória do génio grego (o que demonstra uma invejável tolerância religiosa), também nada edificou que pudesse ofuscar o passado. Pastoreavam por entre os templos gregos, como mais uma força da natureza, mesmo quando aprisionaram o raio de Zeus no paiol da Acrópole, não foram muito diferentes do tremor de terra que provocou aquele acastelamento de tambores e fustes em Olímpia.
A quem procura o génio grego qualquer coisa lhe enche as medidas. Porque duas colunas junto ao mar lhe bastam, como as letras dum alfabeto, para escrever o poema.
No extremo, podíamos imaginar um deserto sem a sombra duma ruína e apenas habitado pela memória e a imaginação. As coordenadas geográficas só por si seriam como o orifício do labirinto.
Porque a "Grécia" é puro espírito.
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