domingo, 17 de janeiro de 2010

QUE OBJECTO?


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"O que faz a força do matemático não é esta prova imitada do pretório e que cala a boca dum suposto contraditor; é um objecto simplificado, bem determinado e perfeitamente conhecido. Nada está nele escondido, nada fica nele para adivinhar; eis por que o ignorante se sente algumas vezes inquieto diante da verdade nua: ele gostaria de acreditar que lhe escondem qualquer coisa; é por isso que sopesa a prova em vez de considerar o objecto. É preciso já saber bastante para compreender que a prova é a companheira da ignorância."

"Vigiles de l'esprit" (Alain)


Estamos aqui a falar da matemática que é a única disciplina que nos dá objectos "puros". Para quê, de facto, examinar as provas se podemos ver a coisa sem mistério algum?

Mas esse não é o mundo em que vivemos (e nem sequer é aquele em que pensamos), onde a prova é tudo o que temos para persuadir os outros pela razão.

Dêem-me, por exemplo, um objecto social. As dificuldades não têm fim, pois onde começa e acaba, qual é o seu contorno e o seu limite? É por isso que em vez de objectos temos ideias "apenas".

Mas enquanto os objectos reais não formam em nenhum caso sistema, as ideias adaptam-se maravilhosamente a eles. Eis por que cada homem é um mundo ideal e só se conhece , realmente, a si mesmo.

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