terça-feira, 26 de janeiro de 2010

O ESTADO PÍTICO


A Sibila de Delfos (Miguel Ângelo)


"Da mesma maneira que um sonho transforma, de acordo com a sua natureza, os incidentes do sono, assim a alma converte em fenómenos psíquicos as mal definidas impressões do organismo. Uma atitude desconfortável torna-se um pesadelo; uma atmosfera carregada de tempestade muda-se em tormento moral. Não mecanicamente e por causalidade directa; mas a imaginação e a consciência engendram, consoante a sua própria natureza, efeitos análogos; elas traduzem na sua linguagem própria e formam no seu próprio molde o quer que as alcance do exterior."

"28/4/1861 – Journal" (Amiel)


É o que Alain chama de estado pítico do sono. Adormecidos, não estamos realmente separados do mundo, mas dele penetrados pelas "raízes". Quem soubesse interpretar essa comunicação sem palavras entre o corpo e o universo entraria, como diz Amiel, "no divino santuário da contemplação".

Comparada com isto, a ideia freudiana dum império dos símbolos é a representação máxima do exílio humanista, a profanação do teatro grego.

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