"Se tudo o que precisássemos fosse um perito para tomar decisões por nós, não precisávamos de democracia – podíamos simplesmente ter um cientista, um advogado ou um economista a decidir por nós. Os funcionários tratavam o conhecimento como um objecto que tivessem em armazém e pudessem depositar nos cérebros esponjosos da cidadania – a 'teoria bancária do conhecimento' (Freire 1970). Em contraste, os activistas queriam ajudar a produzir conhecimento, através da discussão."
"Avoiding politics" (Nina Eliasoph)
O lugar (ou o rendimento) faz o homem. Como detentora do poder, a burocracia (do Estado ou empresarial) tem uma concepção restritiva do envolvimento dos cidadãos, mesmo na democracia americana: "os cidadãos podem pedir informação, mas não podem ser fonte de informação". Discutir a competência oficial e o controle dos critérios de validade está fora de questão, porque isso seria a negação do próprio poder.
Uma diferença notória em relação ao nosso panorama político é que o conceito de activista resulta para nós quase incompreensível. Um activista tem de ser militante dum partido, senão um funcionário desse partido, o que dá o mote para a sua desvalorização, por demasiado "político". Nos EUA, onde a sociedade civil tem, apesar de tudo, outra pujança, a política é igualmente desvalorizada, mas em favor dos interesses pessoais, familiares, etc., os quais, evidentemente, não questionam os princípios nem as políticas.
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