"O método da acção política aqui esboçado ultrapassa as possibilidades da inteligência humana, pelo menos enquanto essas possibilidades são conhecidas. Mas é isso precisamente que lhe dá o valor. Não se deve perguntar se se é ou não capaz de o aplicar. A resposta será sempre não. É preciso concebê-lo duma maneira perfeitamente clara; contemplá-lo por muito tempo e muitas vezes; afundá-lo para sempre no lugar da alma onde os pensamentos ganham as suas raízes: e que ele esteja presente em todas as decisões. Há talvez então uma probabilidade de que as decisões, embora imperfeitas, sejam boas."
"L'Enracinement" (Simone Weil)
Não restam dúvidas que o método de acção preconizado por Simone não se aprende, nem é um conhecimento que se possa adquirir com a experiência. Trata-se mais duma espécie de inspiração como aquela de que é pertinente falar-se em relação aos artistas.
Isto é assim porque, a exemplo de outros antes dela, a filósofa entende a política como uma arte (uma "arte de composição em planos múltiplos"). Nenhuma ideologia, por mais universal que seja, está à altura de inspirar este método. Porque é o caso, não de aplicar fórmulas ou princípios, mas, verdadeiramente, de criar algo de novo com o imprevisível de que é feita a política.
Quantos homens teriam a coragem de abandonar os seus esquemas, as suas rotinas, os seus truques, para absorver a ideia inspiradora no mais fundo se si mesmos de modo a que todas as suas decisões dela estivessem sempre misteriosamente imbuídas?
Quando Simone Weil diz que o método não pode ser alcançado pela inteligência humana só quer dizer que não se trata aqui de lógica, mas de algo que transcende o próprio indivíduo e logra exprimir o génio dum povo.
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