terça-feira, 14 de abril de 2009

A REVOLUÇÃO DOS MANAGERS



"A revolução directorial não é algo que os nossos filhos devam esperar; podemos já vê-la diante dos nossos olhos. Da mesma maneira que só damos pelo nosso envelhecimento quando já somos velhos, também os contemporâneos duma grande mudança social só raramente se apercebem de que a sociedade está a mudar antes da mudança se ter já efectuado. As velhas palavras e as velhas convicções subsistem muito tempo depois da realidade social que as animava ter deixado de existir. A nossa sabedoria em relação às questões sociais não é mais, quase sempre, do que retrospectiva. Esta constatação deveria ser humilhante para os homens; se a justiça está para lá do nosso alcance, gostaríamos pelo menos de poder pretender ao conhecimento."

"L'ère des organisateurs" (James Burnham)


O grupo dos "directores" (os managers) ficou muito exposto na presente crise. Sem possuírem os "meios de produção", viu-se que a economia depende da sua visão do mundo e das suas decisões e que isso lhes garante um "direito preferencial na distribuição dos produtos".

Viu-se que, sem formarem uma classe típica, têm todas as características duma divisão essencial em relação à restante sociedade. "Não mais do que ainda há pouco o fizeram os capitalistas, os "directores" não se reuniram para decidir explicita e deliberadamente que iam reclamar o poder mundial", nem "tampouco foram os "directores" que construíram e propagaram as suas ideologias: essa tarefa foi e é cumprida por intelectuais, escritores e filósofos".

A "maximização dos lucros" deu lugar à maximização dos bónus e, nesta nova situação, a propriedade só vinha estorvar.

O capitalismo engendrou, assim, uma espécie de nomenklatura que, contudo, em vez de factor de estabilização parece viver das crises do sistema.

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