sexta-feira, 3 de abril de 2009

QUE JOGO É O JOGO?


John Von Neumann (1903/1957)


"É possível modelizar erros, esquecimentos, má informação e qualquer outra espécie de falhanço da parte dos jogadores para dar satisfação aos impossivelmente altos padrões de John Von Neumann. O problema é que quantos mais erros tiverem de ser levados em conta, mais complicada e menos útil se torna a teoria dos jogos. É sempre útil para o teórico dos jogos inspirar-se tanto na experiência quanto na teoria pura, porque se o jogo se torna demasiado complexo para os jogadores o poderem compreender, então a teoria resulta praticamente inútil para qualquer intenção prática, uma vez que não nos diz nada sobre o que realmente farão."

"The Undercover Economist" (Tim Harford)


A teoria de John Nash e de Von Neumann inspirou a política de alguns governos ocidentais, uns anos atrás, conforme se pode ver no documentário da BBC, "The Trap".

E a presunção do presidente da Federal Reserve, Alan Greenspan, dos vários jogadores no mercado financeiro tenderem a zelar pelos seus próprios interesses e pela eficácia do sistema, para além de natural herdeira das ideias de Adam Smith, é representativa da crença de que, no final de contas, o comportamento de todos os jogadores é racional e, portanto, previsível.

O problema é que a teoria dos jogos não só se tornou inútil como previsão, como predispôs os que podiam inflectir o rumo das coisas a dar mostras duma confiança doutrinária.

Harford cita Keynes que teria formulado o voto de que os economistas, em vez de teóricos de alto gabarito deveriam ser práticos como os dentistas, consultados nos problemas do dia a dia e dando conselhos directos e esclarecedores.

Com efeito, precisamos de nos interrogar qual é o papel da racionalidade dos indivíduos num contexto de crescente complexidade.

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