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"Nicholas Carr pergunta: 'estará o Google a tornar-nos estúpidos?'. Carr, um distraído crónico como o resto de nós, notou que estava a achar cada vez mais difícil mergulhar num livro ou num artigo mais longo. 'A leitura profunda que costumava acontecer naturalmente tornou-se uma luta.' Em vez disso, ele agora googla o seu caminho na vida, pesquisando e 'folheando', sem parar para pensar ou absorver. Sente-se esvaziado pela 'substituição da complexidade interior por uma nova espécie de si mesmo - evoluindo debaixo da sobrecarga da informação e da tecnologia do instantaneamente disponível.' 'A coisa mais importante', diz ele, é que nós saímos de nós mesmos para fazer todos os contactos. O eu que assiste é enfraquecido e a sua função transferida para o ciberespaço.' 'A próxima geração nem se queixará porque não vai saber aquilo que perde.' diz Bill McKibben, o grande ambientalista."
"Stoopid...why the Google generation isn't as smart as it thinks." (Bryan Appleyard, Sunday Times de 20/7/08)
A este grito de alarme, respondem uns com impotente preocupação, outros lembrando que já foi assim com a televisão, por exemplo, e que com a maturidade as pessoas são capazes de escapar à prisão tecnológica.
O artigo refere-se também ao ensaio de Maggie Jackson, "Distracted: The Erosion of Attention and the Coming Dark Age". Não é fácil evitar a conexão desse déficit de atenção aos problemas da escola moderna e aos maus resultados, por todo o lado, do sistema de ensino, que não pode ser apenas culpa dos governos, nem da fraca qualidade dos manuais. Seria mais pertinente atribuir às políticas facilitistas e ao abaixamento dos padrões, o carácter duma resposta, se bem que lamentável, a esse fenómeno da atenção "erodida".
Mas se todos, mais ou menos, se deixam envolver, com o computador, a televisão ou o telemóvel num processo que pode degenerar em distracção crónica ( a que alguns mitos pretendem trazer um desmentido com a alegada capacidade para prestarmos atenção a várias coisas ao mesmo tempo), a sobrevivência da espécie dependerá duma urgente divisão de tarefas que salvaguarde a capacidade da atenção profunda em certos indivíduos, os quais, naturalmente, formariam uma elite que compensaria a massiva distracção dos outros.
E isto soa estranhamente familiar, mas incompatível com a democracia.
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