quarta-feira, 8 de abril de 2009

A INTELIGÊNCIA DIABÓLICA


Fausto assina o pacto de Mefistófeles


"Se a sua consciência era tão perigosa, é que ele a sentia não como uma claridade, mas como algo de obscuro - era para ele um elemento tão cego quanto o instinto, não tinha nela confiança, sentia-se seu prisioneiro, mas não sabia onde o poderia conduzir. E era mau psicólogo, por excesso de inteligência e de imaginação - na sua visão dilatada do homem havia lugar para tudo."

"La Pornographie" (Witold Gombrowicz)


Fréderic, esse Mefistófeles em estado de sonambulismo, tinha medo do sonho que sonhava. E a consciência para que lhe servia? Os seus "actos" instintivos obrigariam um outro a parar se acordasse na obscuridade. Por isso ele não queria acordar e a inteligência parece estar aqui a mais.

O diabo é manifestamente inteligente e imaginativo. Em que medida poderia ser um mau psicólogo?

Um desses achados que se encontram só na literatura é este. A inteligência diabólica é estratégica e servil (visa perder o seu homem), fornecendo-lhe a imaginação o espectro inesgotável das tácticas. Mas por isso mesmo nunca compreenderá a sua vítima.

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