Thomas Mann (1875/1955)
"A reordenação da vida cultural alemã de acordo com a linha nazi teve na verdade um grande alcance. Mas o mais impressionante aspecto da 'coordenação' da cultura foi a alacridade e a ânsia com que intelectuais, escritores, actores e publicistas activamente colaboraram em acções que não só empobreceram e sujeitaram a uma camisa de forças a cultura germânica para os doze anos seguintes, mas baniram também e puseram fora da lei alguns dos seus mais brilhantes expoentes (...)"
"Hubris" (Ian Kershaw)
Depois da ascensão de Hitler ao poder, "deixou de haver vida social; nem sequer se podia ter um clube de bowling que não fosse 'coordenado'".
A coordenação (Gleichschaltung), que era de facto a nazificação, estendeu-se a todas as aldeias e lugares.
O peso duma tal organização só tinha equivalente no mundo militar. O povo devia rever-se no Führer e abdicar da vontade própria. Era esse o preço da unidade e dos "amanhãs que cantam".
O oportunismo e o mais genuíno idealismo, como diz Kershner, andavam misturados.
Até um homem como Thomas Mann, "admitiu inicialmente algumas incertezas quanto ao novo regime e deu a entender que aprovava a legislação anti-semita de Abril de 1933".
Se os melhores se podem enganar assim, como esperar mais da intelligentsia em geral? A vontade de se auto-iludir responde pela "alacridade" com que se comprometeu.
0 comentários:
Enviar um comentário