O piano de Mozart
"É lícito interrogarmo-nos sobre os estímulos musicais que o futuro Mozart ouvia... antes de nascer. Queiramos reflectir devidamente sobre o conteúdo 'sonoro' do apartamento relativamente exíguo habitado pelos Mozart em Salzburgo: Nannerl exercita-se várias horas por dia no cravo, ou então é Leopold que ensaia as obras inscritas no próximo concerto da corte, ou vêm amigos para preparar um quarteto. Esse lugar estava permanentemente habitado pelos sons musicais. A Senhora Mozart mãe ia e vinha, passeando o futuro Wolfgang nessa infusão de música."
"O cérebro de Mozart" (Bernard Lechevalier)
Era tudo tão propício à música no ambiente dos Mozart e na própria cidade dos príncipes bispos que quase apetece prescindir, sendo ele para mais tão difícil de estabelecer, do contributo duma "hereditariedade stricto sensu nos dotes extraordinários de Wolfgang Amadeus (...)"
A organização do seu cérebro (mas deveríamos, sem dúvida falar do seu corpo) terá por isso começado muito antes de ter nascido e de ter recebido as primeiras lições da família.
Mas isto nada nos diz sobre o que tornou possível que este feto em particular, não apenas ouvisse os sons exteriores, como acontecerá com todos os outros, mas estruturasse o seu cérebro em função da música.
O caso de Mozart abre assim o espaço para uma narração menos decidível ainda do que a da psicanálise.
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