Bernard Madoff
"Depois de 1998, quando uma colecção de 'nóbeis coroados' (e o 'crème de la crème' do 'establishment' económico-financeiro) ampliaram a Gestão do Capital a Longo Prazo (Long Term Capital Management), um fundo de derivativos (hedge fund), porque os métodos 'científicos' que usaram subestimavam o papel do acontecimento raro (rare event), tais metodologias e tais pretensões de compreensão dos riscos dos acontecimentos raros deveriam ter ficado desacreditadas. Em vez disso, o Fed (a Reserva Federal) apoiou as injecções de liquidez e a sua exposição aos acontecimentos raros (e ao erro do modelo) e duma forma evidente aumentou exponencialmente (como pudemos ver pelo inflacionamento de derivativos que não conseguimos compreender). Estaremos a utilizar modelos de incerteza para produzir certezas?"
"The fourth quadrant: a map of the limits of statistics" (Nassim Taleb in Edge)
O autor não incrimina as estatísticas, mas o uso que delas fazem os amadores apressados. Não tira que fiquemos com a ideia de que aquilo a que Taleb chama de acontecimento raro, pela sua natureza imprevisível, reduz tanto mais o alcance desta ciência quanto maior for a complexidade, o que inclui, evidentemente, o longo prazo.
Mas se tantos, desde os amadores aos magos da Reserva Federal, sucumbiram à sedução da falsa matemática (Bogus Math) e dos seus marketeers, transformando-se em aprendizes de feiticeiro, há aqui um sinal de que se perdeu algo mais do que prudência. Devemos perguntar-nos se aquele raciocínio que se baseia nos últimos 30 anos para modelizar os próximos 30 poderia ter inspirado tais decisões de longo prazo (mas para alguns sem risco e com imediata recompensa), não fora a perspectiva de se transferir a factura para terceiros.
Madoff, afinal, foi rei da finança por mais de 30 anos.
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