"Não penso que precisemos realmente de ser tão exóticos. É simples. Somos um catalisador, o centro da roda. O nosso trabalho é dizer o que está a acontecer e que podia ser melhor. Não é preciso reinventar a roda. (…) Estamos a fazer exactamente o que devíamos fazer. Portanto, eu digo: se não está partido, não conserteis. Vocês são profissionais, nós ajudaremos no que pudermos. Podia-se dizer que somos um grupo de apoio aos profissionais."
"Avoiding politics" (Nina Eliasoph)
Este é um excerto da intervenção de um funcionário municipal numa reunião do grupo de voluntários "Just Say No". A socióloga apresenta este discurso como um dos muitos exemplos da preocupação do cidadão médio de evitar a discussão pública (em privado, é outra coisa e quase toda a gente tem opiniões políticas). A motivação duma atitude dessas não é o tão glosado anti-intelectualismo dos americanos (Hofstadter), mas o igualitarismo político e, mais recentemente, o "politicamente correcto". Como nas reuniões os que falam de certo modo governam os outros, a discussão, que poria em evidência os diferentes dotes de eloquência, é evitada a todo o custo. Além disso, há aí um sentido prático muito característico deste povo. Desde que se suspeite que determinadas questões são insolúveis ou não se encontram dentro do raio de acção do grupo, não se fala nelas para não desmoralizar os outros e para manter uma aparência de eficácia, para os membros se sentirem úteis à comunidade, mesmo se o que fazem não tenha às vezes muito sentido ou seja um simples meio de iludir o investimento público necessário ou a adopção de medidas gerais mais acertadas.
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