sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A CULTURA DOS ROMANOS


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"Os Gregos não sabiam o que era a cultura porque eles não cultivavam a natureza, mas antes arrancavam às entranhas da terra os frutos que os deuses tinham escondido aos homens (Hesíodo); e, estreitamente ligado a isso, o grande respeito romano pelo testemunho do passado enquanto tal, ao qual devemos não somente a conservação da herança grega mas a própria continuidade da nossa tradição, era-lhes completamente estranha."

"La crise de la culture" (Hannah Arendt)


Napoleão, movido por esse respeito do passado e por ali encontrar o primeiro modelo da sua própria glória, fez desenterrar o antigo fórum e libertar as venerandas ruínas dos aluviões do Tibre. É um pouco o que temos de fazer por causa de um outro tipo de aluvião: o da interpretação histórica e o das ideologias.

Uma das razões por que não se faz hoje justiça a Roma é ter existido o seu império e os valores actuais nos impedirem de contextualizar realidades tão cruentas como a guerra de conquista e a escravatura que esse povo levou a extremos.

Em relação ao nosso passado e à nossa tradição, estamos hoje, talvez, mais próximos da atitude grega ("colectora", se pensarmos na opinião de Arendt) do que da dos Romanos. Utilizamos o passado para os mais variados fins (conhecimento, justificação do poder), mas não o respeitamos.

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