sábado, 19 de setembro de 2009

FEDRO



"A visão é, com efeito, o mais subtil dos órgãos do corpo; no entanto, ela não vê a sabedoria. Porque esta suscitaria amores inacreditáveis se apresentasse aos nossos olhos uma imagem tão clara quanto a da beleza, e o mesmo se passaria com todas as essências dignas do nosso amor. Só a Beleza goza do privilégio de ser a mais visível e a mais encantadora."

"Fedro" (Platão)


Platão não fala aqui nem do bem, nem da verdade, mas da beleza das ideias, a qual não se oferece à visão. O filósofo socorre-se de um órgão do corpo para descrever uma experiência que tem tudo de amorosa.

Não nos diz que a razão é o órgão para identificarmos o justo e o verdadeiro, como se o corpo não existisse. Serve-se de um modelo natural, que é o da contemplação do que é belo e desejável.

Podemos então imaginar o que seria a experiência de uma ideia clara e perceptível, que envolvesse não só o nosso espírito mas o nosso corpo inteiro?

Esse seria o verdadeiro modelo da justiça, outro nome do amor com o significado que o Cristianismo mais tarde lhe deu.

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