domingo, 6 de setembro de 2009

O REINO DAS MÁQUINAS


"Alphaville" (1965-Jean-Luc Godard)


"As unidades da vida são naturalmente auto-reprodutoras. Mas o nosso reino das máquinas tem a ver menos com reprodução do que com produção. Enquanto muito permanece por explicar acerca das variações nos poderes de auto-reprodução dentro de cada espécie viva, sabemos ainda menos sobre a genética da máquina. Sabemos muito mais sobre a origem das espécies do que sobre a origem do tipo de máquinas. Apesar das espécies poderem apresentar a selecção natural e a sobrevivência do mais apto, a sobrevivência da máquina pode não ser, de modo algum, governada por tal regra."

"Cleopatra's nose" (Daniel Boorstin)


As espécies na natureza têm de adaptar-se ao seu ambiente e, como diz Boorstin, as máquinas precisam de criá-lo. Mas, mesmo sem máquinas, a adaptação é também uma modificação do ambiente. É por isso que nos extraviamos quando tentamos imaginar o futuro, não menos no mundo natural quanto no mundo das máquinas.

De qualquer modo, as expectativas darwinianas, como lhes chama este autor, predominam em todas as previsões e não apenas nas de índole marxista, como se o principal fosse a reprodução em vez da produção do ambiente.

E impõe-se a pergunta: qual é a lei que preside à criação de novas máquinas? É óbvio que não podemos guiar-nos pelo modelo biológico, pois não se trata duma genética, parecendo-se mais com a arte poética…

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