Leonardo da Vinci ("Estudo da última Ceia")
"Mas o espanto ultrapassa tudo, quando se apercebe que o autor, na imensa maioria dos casos, é incapaz de responder ele próprio pelos caminhos seguidos e que é detentor de um poder do qual ignora os mecanismos."
"O instinto é um impulso cuja causa e cuja finalidade se encontram no infinito, admitindo que causa e fim significam alguma coisa nesta espécie."
"Introduction à la méthode de Léonard de Vinci" "Paul Valéry)
Por muito que admiremos a inteligência, sabemos que ela é, sobretudo, uma questão de lógica e de velocidade de raciocínio, características que a tornam mais ou menos previsível.
Mas podemos imaginar um computador que além de associar à lógica e à rapidez uma capacidade de memória monumental, complicasse as suas decisões (um pouco como os incidentes de uma vida interferem nas associações mentais), de tal forma que a própria máquina fosse incapaz de fazer uma previsão.
E talvez que a capacidade de resolver este tipo de problemas artificiais e de encontrar soluções formais inesperadas se aproxime do instinto de que fala Valéry, mas há uma grande diferença: nenhum sistema fechado pode imitar a complexidade das relações com o mundo exterior. É caso, por isso, para dizer que o "instinto" reflecte um mundo sempre incomparavelmente mais vasto do que aquele que podemos pensar, ou simular através da máquina. O infinito é a metáfora apropriada.
0 comentários:
Enviar um comentário