sábado, 5 de setembro de 2009

O JUÍZO DO CARDEAL



Cardeal de Retz (1613-1679)

Um homem é um mistério até para si mesmo. Mas não há quem não tenha que julgar um carácter, nem que seja provisoriamente e com o benefício da dúvida, para poder agir.

O efeito persistente destes juízos provisórios dos outros sobre o próprio ajudam a formar a máscara social (estruturando-a, sem a determinar, como li algures a propósito dos géneros).

E os mais activos e ambiciosos são talvez os que formam os juízos políticos mais penetrantes (para os seus interesses), tendo que agir depressa e sem erros.

Não sei se o retrato do papa Alexandre VII (Chigi) feito por Retz em duas pinceladas é ou não verdadeiro. Mas que um homem que se vangloriava de ter usado para escrever a mesma pena durante dois anos ou de ter consumido doutra vez oito dias do pontificado a tentar descobrir a origem da palavra mosca, não podia compreender os altos voos do ex-Coadjutor de Paris.

E os factos deram razão a este, sempre segundo o seu ponto de vista.

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