quinta-feira, 3 de abril de 2008

POSSESSÃO


George III (1738/1820)


"Havia, até o fim do século dezoito, uma tradição que afirmava ser a loucura devida a possessão por demónios. Inferia-se que toda a dor sofrida pelo paciente era também sofrida pelos demónios, de modo que a melhor cura era fazer com que o paciente sofresse tanto que os demónios resolvessem abandoná-lo. Os dementes, de acordo com tal teoria, eram submetidos a violentas pancadarias. Tal tratamento foi experimentado, sem resultado, no rei George III, quando ele se achava louco."

"Ensaios Impopulares" (Bertrand Russell)


A teoria era muito mais radical do que, por exemplo, o aforismo "o que arde, cura" deixa supor, mas era coerente com a ideia da possessão.

A loucura significava que o corpo e o espírito do doente eram "ocupados" pelo demónio que, assim, o fazia comportar-se do modo estranho que caracteriza a demência. Era por isso bastante lógico pensar-se que bater no doente era o mesmo que bater no seu "inquilino".

Modernamente, já não se acredita no demónio e a loucura é apenas uma doença do "foro psíquico".

É claro que se pode dizer ainda que a loucura "possui" o louco. E até que o demónio se tornou inteligente, fazendo de tal maneira, que todo o tratamento, com colete de forças ou não, seja unicamente sofrido pelo doente.

1 comentários:

Porfirio Silva disse...

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