domingo, 6 de abril de 2008

O JUSTO MEIO TERMO


A Paideia

"Libertar a criança das sensações de medo é o primeiro passo no caminhar da sua educação para a valentia. É este o objectivo que Platão visa com a ginástica do recém-nascido. O descontentamento e o mau humor contribuem para a sensação de medo. Platão preconiza o justo meio termo entre a brandura e a opressão. A primeira torna a criança hipersensível e excessivamente caprichosa, a segunda mata nela a liberdade e torna-a hipócrita e misantropa."

"Paideia" (Werner Jaeger)


Dos 3 aos 6, jogos. A partir desta idade, "Platão estabelece a separação dos dois sexos. A formação da criança deve adestrar tanto a mão esquerda como a direita e não uma só, como hoje acontece." (ibidem)

Já se sabe há muito tempo, como se vê, que a correcção a menos torna a criança caprichosa, o que ainda hoje é considerado um defeito (não sei se a hipersensibilidade, com o actual desprestígio do viril - que se toma na sua acepção machista e mais grosseira -, o será ainda).

A brandura, por outro lado, tem toda a relatividade da cultura. Ser brando hoje é talvez a demissão completa do educador e um puxão de orelhas é o começo da opressão.

A separação dos sexos parece fundamental para uma verdadeira paideia. Muitas vantagens teve, sem dúvida o ensino misto e uma desvantagem que as sobreleva a todas: a tendência para uma indiferenciação na linguagem e no gosto que pode estar na origem duma alteração dos costumes sexuais de grandes consequências.

Mas não sei se essa ideia, em Platão, não é contradita pelo preconizado adestramento das duas mãos.

A educação separada é, de qualquer modo, uma especialização; supõe-se que todo um espectro de qualidades ficaria assim, voluntariamente, por desenvolver. Enquanto que no ambidextro o ideal parece ser o contrário disso. E talvez a razão esteja na utilidade do guerreiro saber atacar e defender-se com os dois lados.

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