Hospital de S. João
O hospital, fora dos grandes desastres, deve ser o lugar onde se concentra maior sofrimento, dor, abandono e a pressão do humano sob a sua forma mais intolerável. E, sem dúvida, o lugar onde a dedicação e o heroísmo melhor se podem revelar.
Para muitos doentes é o fim da linha e para muitos dos que exercem ali a profissão é o fim de algumas ilusões e da graça de viver longe das situações-limite.
Suponho que existam nichos mais protegidos num mundo terrível como esse. Funções laterais ou que mergulhem numa certa esquizofrenia do meio.
Na inundação trágica das urgências surge de tudo: os que esbracejam para não se afogarem, os ansiosos, por si ou pelos próximos e sempre, do outro lado, do segurança ao médico, o movimento de defesa, nas atitudes e nas palavras.
Chegamos a admirar-nos que alguma coisa funcione e que a certos guichets mais sossegados nos acolham com simpatia.
E já não nos causa estranheza que um doente que volta ao hospital seja um perfeito estranho para os médicos, como se a informática só servisse para um controle electrónico das visitas ( que, no S. João, pode demorar quase tanto como a própria visita).
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