Demócrito (460/360 a.C.)
Um artigo de José António Saraiva no "Expresso" desta semana sobre o cansaço dos portugueses em relação à política e aos partidos.
Para justificar que o silêncio e o "low profile", nesta altura, compensam. Pelo contrário, os que insistem na oratória (mesmo que tenham os dotes) não levarão a carta a Garcia.
Não me parece que a política saia muito dignificada desta análise. É preciso, em primeiro lugar, saber se o alegado cansaço do povo português não é antes uma demissão de cidadania, estando ele farto de que lhe falem nos problemas do país e não ignorando que esse discurso, sobretudo se for realista, vai ter para si, mais cedo ou mais tarde, consequências desagradáveis.
E, se fosse assim, não era a política que estava errada, mas tinha aplicação o dito de Demócrito de que aos tolos não é a palavra que instrui mas a desgraça.
Por lamentável que seja o autismo partidário, a solução nunca há-de ser menos política e menos palavra, mas melhor política e mais verdade. Por isso, abrindo um grande crédito à sabedoria do povo, quero crer que aquilo de que precisamos é de que mude a forma de fazer política.
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