quarta-feira, 9 de novembro de 2005

FULL METAL JACKET


Stanley Kubrick


Quando vi o filme pela primeira vez pareceu-me um bom libelo contra a violência e pouco mais.

Mas o efeito de se revisitarem as coisas e os lugares é, normalmente, de se fazer um pouco mais de justiça. E, desde que se vença o preconceito, é como uma nova experiência.

O Vietname já está longe (mas ainda não o Iraque), porém, a lição a tirar é que o homem pode ser usado para um fim, como qualquer material, sem contemplação pelo que excede esse uso.

No treino dos marines vemos como a própria psicologia é uma técnica para dobrar o pensamento e obter uma coesão mortífera. Tudo se aproveita neste sacrifício do corpo e da alma. As palavras para serem torcidas e desfeitas, a religião para se tornar numa pornografia cruel. A providencial fraqueza do soldado Pyle oferece ao grupo um alvo de carne e osso para o acumulador de ódio.

O desfecho desta guerra sugere-nos que a vontade de matar não basta, como não bastam as armas. Coisas a que o doutrinamento correspondeu com visível superioridade.

Mas, apesar das aparências, a funda de David não era doutrinária.

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