Hannah Arendt (1928)
Hannah Arendt
Não se pode falar da Natureza como uma pessoa e, no entanto, é o que toda a gente faz, quando diz que ela fez bem as coisas, ou que alguma razão deve ter tido para fazer tal coisa em vez de outra.
E isto é uma maneira de dizer que tudo é racional (ou racionalizável) e o que não é ou não se torna tal não pode ser pensado e é como se não existisse.
Este é o caminho da técnica, para a qual tudo na Natureza é meio (até o ambiente). Nesta concepção, a vida é poder.
Na Antiguidade, os estóicos, pelo contrário, consideravam que a vida devia ser uma preparação para a morte, o que era, de certo modo, acusar a Natureza de não ser racional, colocando o homem numa situação sem sentido e da qual devia livrar-se o melhor possível.
O que diz Hannah Arendt é que não é a morte que dá sentido às nossas vidas, mas a acção pela qual o homem é sempre um homem novo. Começar significa que o passado não nos limita e que a espécie está para além do tempo e da morte.
Se endossássemos esta ideia à Natureza, acharíamos que ela se esconde e induz os homens em erro (sem deixar de ser racional).
E é por isso que o homem nunca é igual a si mesmo.
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