segunda-feira, 15 de julho de 2013

UM SIMPLES DITONGO

 


Santo Hilário



"A palavra grega que foi escolhida para expressar esta misteriosa semelhança (a do Pai e do Filho na Divina Trindade) tem uma tão estreita afinidade com o símbolo ortodoxo, que os profanos de todas as épocas ridicularizaram as arrebatadas disputas que a diferença de um simples ditongo suscitou entre os homoousianos e os homoiousianos."

"Declínio e Queda do Império Romano" (Edward Gibbon)


Gibbon refere-se à controvérsia ariana sobre a consubstancialidade, que levaram Santo Hilário a lamentar-se de que "todos os anos, não, todas as luas, estabelecemos novos credos para descrever mistérios invisíveis", e que foi temporariamente dirimida no Concílio de Niceia (325).

A "diferença de um simples ditongo" escondia, de facto, uma questão filosófica que não foi esclarecida pelo Concílio. E Gibbon conclui que o "mistério incompreensível que suscita a nossa adoração se furta à nossa indagação."

Mas não importa, o perigo para a unidade da Igreja fora afastado pela decisão a favor da doutrina duma única substância divina.

A história deste debate público foi naturalizada pela doutrina, e é como uma marca de crescimento, espiritualmente inerte, como um nó no tronco duma árvore.

E se, de tempos a tempos, alguém nos vem despertar do "sono dogmático", é então que percebemos que o passado e as coisas que nos rodeiam são o dogma e a verdadeira esfinge.

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