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| Vladimir Nabokov |
"(uma) criatura estranha e 'nua como um verme', para usar uma comparação francesa, atravessou o meu caminho, frenética, à procura de um lugar para 'ninfar' (horrorosa premência da metamorfose, preparativos de uma síncope em público)."
"Fala, Memória" (Vladimir Nabokov)
Contrastando com a serenidade do céu, neste dia de verão, vive-se no país uma 'horrorosa premência de metamorfose'. Como irá 'ninfar' a nova forma de governo? Este silêncio pesado parece anunciar a catástrofe (Nabokov falava de borboletas, precisamente).
No entanto, só ocorre à maioria dos comentadores a terminologia do circense e do ridículo (a 'palhaçada'), como se o monóculo de Eça ainda estivesse focalizado para a nossa era electrónica e reticular.
Ou será uma questão de tamanho? E vem-nos à memória a profecia de Pessoa: 'só fazemos bem torres de belém'. Não é por acaso que a frase vem do mesmo veio da 'Mensagem'...
Talvez sejamos uma nação 'bipolar'. Não podemos permanecer num só estado. Tanto nos colocamos abaixo do estrado, como nos pômos na ponta dos pés, sem encontrar o ponto de equilíbrio.
Nas outras nações, há também políticos 'troca-tintas' e vaidosos que se baldam para o seu país. É talvez o nível descomesurado das nossas expectativas que por cá os 'fabrica em série'.
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