quarta-feira, 17 de julho de 2013

O DÉCIMO HOMEM

WWZ Guerra Mundial

 

Vi recentemente explicada num filme americano (WWZ Guerra Mundial, de Marc Forster), que conta a invasão do planeta por um vírus que transforma os humanos em 'zombies', uma teoria chamada do 10. homem que previne os decisores contra o perigo da unanimidade. Israel, graças a esse expediente consegue durante algum tempo impedir a catástrofe.

A ideia é simples: estipula-se que o 'comité de salvação nacional' (chamemos-lhe assim) terá de incluir um decisor obrigado a encontrar uma solução diferente da dos outros todos, para impedir os conhecidos enviesamentos do 'pensamento' em grupo.

Kahneman, entre outros, demonstrou como, por exemplo, as ideias que ocupam no momento o nosso espírito tendem a ser as únicas consideradas. Assim, a primeira ideia apresentada tem todas as hipóteses para fazer abortar quaisquer alternativas. Claro que alguns hábitos e as 'fidelidades' ideológicas frequentemente inviabilizam que uma ideia chegue sequer a ser considerada...

No filme, a habitual arrogância israelita (são, afinal, o 'povo escolhido') leva-os a negligenciar a segurança dos seus (eternos) muros, que acabarão por ser galgados pela maré 'zombie'.

Entre nós, o presidente acabou por se revelar o 10. homem da 'salvação nacional', ao surpreender toda a gente, recentemente. Tendo em conta o aparente progresso da negociação entre os partidos, até parece que o sentimento geral de bloqueio institucional só precisava de um homem que se obrigasse ou fosse obrigado a pensar de modo diferente. Não interessa se o móbil foi ou não o interesse nacional, se prevaleceu, ou não, pelo contrário, a vontade de se 'engrandecer': "Vi uma multidão de homens perturbarem o país para se engrandecerem: é a perversidade habitual." (Tocqueville, citado por M. Houellebecq)

 

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