terça-feira, 9 de julho de 2013

O IMPERADOR

"The Emperor" (2012, Petter Webber)

No filme, o governo americano dá 10 dias a MacArthur (Tommy Lee Jones) para decidir se Hirohito, o imperador do Japão, é responsável pelo ataque a Pearl Harbour (1941) e pela Guerra do Pacífico.

O general confia essa tarefa a um 'expert', Bonners Fellers (Mathew Fox), que conhecia o país antes da guerra por causa duma estudante que conhecera nos States e seguira depois até Tokyo.

Depois de ouvir as reluctantes deposições de altas personagens do regime, Bonners conclui, num primeiro momento, que não existe nenhum indício que ilibe Hirohito.

Todos lhe falam na 'devoção' dos japoneses ao seu líder espiritual, e um conselheiro do imperador menciona a coragem deste ao usar de uma metáfora poética para exprimir os seus sentimentos em relação à guerra. Mas tudo isso é incompreensível para o 'expert' ocidental.

A posição do imperador não chega a ser uma posição, contudo, pode considerar-se 'corajosa' porque implica o abandono, momentâneo embora, do puro cerimonial. O imperador, de facto, não governa, e a política mais militarista podia impor a sua via sem qualquer 'gesto' de apoio ou de rejeição de Hirohito. A ordem de rendição, aliás, pode considerar-se, não um acto de governo, mas provinda da instância mais sagrada da nação.

MacArthur acaba por seguir a recomendação, mais pensada, de Fellers e exige um encontro com o imperador 'para a fotografia', apesar de todos os obstáculos 'religiosos' e protocolares. No encontro, Hirohito 'assume' toda a responsabilidade pela guerra, que o general declina, dizendo o contrário da verdade: que não se tratava de encontrar um responsável...

Os Americanos exigiam cabeças e algumas rolaram depois, mas já não é assunto do filme.

Aqui, o que está em causa é o abismo que separa as duas culturas, a grande 'justificaçāo' do racismo de parte a parte, e que levou o governo dos EUA a colocar a própria questão da responsabilidade do imperador.

E indo mais longe, são as nações responsáveis pelos seus governos, independentemente do regime, e o que é que então substitui o 'imperador'?

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