segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

TRAVAR-SE DE RAZÕES


"Poesia" (Gustave Klimt)


"O verdadeiro poema é um fruto da natureza. É o que é logo sentido pela orelha, quando se ouve, e ainda melhor pela garganta e a respiração, e mesmo pelo corpo inteiro, se se lê em voz alta. É em primeiro lugar uma espécie de música, que tem fisiologicamente razão, entenda-se que é à medida do homem, que regula como é preciso os seus íntimos movimentos, que remexe e estende, que liberta da angústia este corpo difícil."

"Propos de Littérature" (Alain)


Aqui está uma das acepções da razão.

A poesia, diz o filósofo, tem fisiologicamente razão, é feita à nossa medida e à medida do nosso corpo.

Mas a razão das ciências naturais leva-nos para muito longe do corpo. "Vemos", com os novos instrumentos, o que os nossos olhos não podem ver e "chegamos" aonde os nossos pés não nos podem levar.

Essa razão não se pode dizer já que seja à nossa medida, como um todo harmonioso, mas à medida do nosso cérebro e das suas próteses.

Esta aventura tem inegavelmente uma poesia, mesmo se fisiologicamente "não tem razão". Sugere-nos (contra a entropia) uma espécie de infinidade...

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