quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

A RAZÃO PODE SER PARTICULAR?


Massacre dos Huguenotes

"Por muito transviados que possamos pensar que eles andam, aquilo que os motiva, tal como aos cristãos que assassinam médicos nas clínicas abortistas, é o que julgam ser rectidão, seguindo fielmente o que a religião lhes diz. Não são psicóticos, são idealistas religiosos, que, segundo o seu ponto de vista, são racionais."

"A Desilusão de Deus" (Richard Dawkins)


Dawkins refere-se ao terrorismo religioso que tanto é capaz de pulverizar as orgulhosas torres, com toda a gente que lá está dentro, como foi capaz de perseguir e matar os huguenotes no século XVI.

Mas o primeiro terror moderno, o período com esse nome da Revolução Francesa, não foi religioso, nem maquiavélico. Foi uma espécie de máquina assassina a que cada partido veio acrescentar uma engrenagem.

Enquanto que hoje se aterroriza para levar ao poder o povo duma nação ou uma teocracia.

Maquiavel acreditava no uso cirúrgico do mal para o príncipe chegar aos seus fins, e que isso poderia até poupar vidas humanas (ou almas, podíamos acrescentar).

Desse ponto de vista, como meio para um fim, o terrorismo é racional. E só podemos abominar que a sua tecnologia seja tão pouco cirúrgica.

A superioridade da racionalidade científica vem-lhe de ser universal e aparentemente obedecer ao imperativo categórico de Kant.

Digo aparentemente, porque a Ciência não é o Bem platónico, e certos dos seus desenvolvimentos podem ser tão particulares, continuando a ser racionais, como os preceitos duma religião que defenda a "salvação" dum grupo contra todos os outros.

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