quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

A MISSA DE PASCAL


Blaise Pascal (1623/1662)

"Se acontecesse que as razões de crer fossem mais fortes que o homem, o golpe seria então demasiado rude; é preciso que a prova se desfaça. O pensamento só se respeita a si mesmo; mesmo o constrangimento, mesmo o hábito, é preciso escolhê-los e refazê-los; não sofrê-los. "Submissão perfeita", mas terrível liberdade. Tal é a missa de Pascal."

"Propos de Littérature" (Alain)


Sim, se fôssemos forçados a crer é pouco dizer que não seríamos livres, pois que nem sequer haveria lugar para pensar.

"(...) se o objecto igualasse o pensador, o objecto seria demasiado forte; se a ideia igualasse o pensador, a ideia seria demasiado forte."

Pascal submete-se integralmente às formas, quase sem pensar. Não são mais do que boas-maneiras.

Mas só crê porque duvida, e a uma prova ou argumento faz seguir outros que destrona por sua vez. Por isso não obedece em espírito e pode até ofender, com isso, os que já "encontraram" e se fecharam com as suas provas, como Harpagon com a sua caixa de moedas.

São homens como Pascal que nos revelam que não há nada revelar (no sentido de Scheller). Porque logo que acreditemos no que os outros "vêem", nos tornamos coisa e força das coisas.

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