terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

A IRREDUTIBILIDADE DOS MITOS


http://pagespro-orange.fr/sheila.klinger


"Para Claude Lévi-Strauss, os mitos são, muito simplesmente, os instrumentos da sobrevivência do homem como uma espécie pensante e social. É através dos mitos que o homem compreende o mundo, que o experimenta de modo coerente, que consegue enfrentar a sua presença irremediavelmente contraditória, dividida e estranha.

(...) Não consegue, diz Lévi-Strauss, resolver estas antíteses formidáveis e conflituosas recorrendo a processos puramente racionais. Encontra-se em ambos os extremos do tempo concebível, confrontado com o mistério das suas origens e, logo a seguir, com o mistério da sua extinção."

"Nostalgia do Absoluto" (George Steiner)


Do orgulhoso domínio da Natureza à compreensão do mundo necessária à sobrevivência, a filosofia percorreu um longo caminho. Que recentra o papel da razão nos limites já estabelecidos por Kant.

É claro que dispomos de muitos outros recursos, além dos racionais, para compreender o mundo, se compreender não significar uma drástica redução da realidade.

Mas é verdade também que só a razão nos permite descolar da forma humana e alcançar um outro género de compreensão, que não tem já como objecto a "realidade", mas o nosso próprio pensamento.

Como a música se pode desprender da natureza e dos sentimentos e evoluir segundo as suas próprias leis, estaremos nós, no que à ciência diz respeito, a viver um análogo processo de autonomização, em que o Cosmos, mais do que estar a ser interpretado pela Física, nos interpretaria, de modo a que, através dos sucessivos avatares de explicações primordiais, nos encontrássemos sempre a nós mesmos?

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