sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

SÍMBOLOS


O Simpósio dos Deuses


"O regresso ao irracional é, antes de mais nada, uma tentativa de preencher o vazio criado pela decadência da religião. Sob este grande acesso de irracionalidade encontra-se aquela nostalgia do absoluto, aquela fome de transcendente que observámos nas mitologias, nas metáforas totalizadoras da utopia marxista da libertação do homem, na visão freudiana do sono absoluto de Eros e Tanatos, na punitiva e apocalíptica ciência do homem desenvolvida por Lévi-Strauss."

"Nostalgia do Absoluto" (George Steiner)


Steiner fala em desilusão a propósito destas "teologias substitutas" e aponta a alternativa das ciências filosóficas e exactas, sem contudo estar certo de haver um futuro nesse caminho.

Para algumas religiões orientais, é a vida que é uma ilusão. E nem mesmo os mais realistas e crentes na verdade científica podem deixar de reconhecer que é legítimo pensar que, na infinidade do Cosmos, o que tomamos por realidade possa ser uma ilusão. Até a história da ciência pode ser vista como uma aproximação da ilusão à verdade.

Para além dos "correlatos genéticos" da fome de absoluto a que Steiner alude, de passagem, haverá, porventura, outro limite à alternativa estritamente racionalista.

E, como em Platão, é o mito que melhor corresponde a uma compreensão não completamente elucidada.

No "Banquete", o mito do andrógino pode servir-nos para formularmos essa fome de absoluto, como a fome do todo de que estamos separados, pela cultura e pela consciência, em primeiro lugar. Fome de que a morte é a solução de continuidade.

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