http://www.pbs.org/wnet/nature/octopus/
"Desde havia algum tempo, sem saber muito bem o que tinha, ela queixava-se da sua saúde. É na doença que nos damos conta de que não vivemos sozinhos, mas presos a um ser de um reino diferente, do qual estamos separados por um abismo, que não nos conhece e ao qual é impossível fazer-nos compreender: o nosso corpo.
A um bandido qualquer, que encontrássemos na estrada, talvez pudéssemos torná-lo sensível ao seu interesse pessoal, senão à nossa desgraça. Mas rogar piedade ao nosso corpo, é discorrer em frente de um polvo, para quem as nossas palavras não podem ter mais sentido do que o ruído da água, e com o qual ficaríamos aterrorizados de estar condenados a viver."
"Du côté de Guermantes" (Marcel Proust)
Há melhor imagem do que esta da nossa condição vulnerável?
Podemos reconhecer aqui um eco do dualismo cartesiano, entre o corpo e o espírito, mas para a experiência subjectiva que nos interessa é como se houvesse, de facto, duas naturezas de reinos diferentes. E um dia a nossa alma (animula, vagula, blandula) terá sempre de se confrontar com o silêncio inexpugnável do seu companheiro de jornada.
1 comentários:
Por aqui me quedo. Na verdade. Pelas "Memórias". Abç
Enviar um comentário