quinta-feira, 30 de agosto de 2007

A NAVE DA REVOLTA



Em "The Caine mutiny", um filme de 1954, de Edward Dmytryk, que conta a história do motim a que levou, numa situação de grande perigo, a paranóia do capitão Queeg (Humphrey Bogart), interessa-me o "levantar de escudos" da instituição militar aquando do julgamento.

A acusação tem todo o campo de manobra para atacar os fundamentos da amotinação e explorar a ignorância dos conceitos básicos da psiquiatria por parte de Maryk (Van Johnson), o tenente, como se o senso comum não bastasse para reconhecer o comportamento de um louco. É impossível convencer aquele júri por palavras porque, à partida, todos estão interessados em dissuadir a indisciplina, mesmo à custa da verdade.

É o depoimento do próprio Queeg, com os seus tiques e os seus berlindes que muda completamente a situação, contra os "interesses" da instituição.

Actuando segundo a sua natureza e já não como representantes do poder, os oficiais que fazem parte do júri só podem dar razão aos amotinados.

E é o advogado de defesa (José Ferrer) que no final, ao fazer uma espécie de retractação, denunciando Keefer (Fred Mac Murray), o intelectual, de ter inspirado o motim, vem restabelecer a "verdade" segundo o poder.

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