quinta-feira, 30 de agosto de 2007

O ESTADO DA ARTE


Lisboa (José Ames)

Movido pela curiosidade, fui ao Centro Cultural de Belém ver a colecção Berardo que gerou tanta polémica.

A primeira impressão é a de que o espaço parece ter perdido todo o seu valor, quando se vêem telas ou "instalações" ocupando toda uma parede ou salas inteiras. Em nenhum outro museu que conheça os estertores da arte se puderam estender com tanto conforto e oferecer-se assim à mórbida sede de cultura de um público, de antemão ganho pela dimensão do escândalo, pelo dinheiro envolvido e pelo apadrinhamento do Estado.

Assim, nenhuma surpresa, nenhum comentário ou riso, mas uma vontade determinada de aprender as regras do jogo, o mais depressa possível, de absorver a mais-valia que a própria polémica engendrou. Não passa pela cabeça de ninguém denunciar a fraude ou a nulidade. Talvez este seja o estado da arte e, como panorâmica de uma degradação, a CB é um "must".

Mas como tudo pedia a exclamação da criança que no conto denuncia que o rei vai nu, não faltou o puto que perguntasse para que servia aquela porta no meio da sala.

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