domingo, 29 de julho de 2012

PERGUNTAS E RESPOSTAS



"Descreditar o motivo da pergunta é sempre melhor do que responder-lhe."

"The Anti-Death League" (Kingsley Amis)



Embora uma resposta pareça sempre mais civil e, no comércio, se use o aforismo de que toda a carta merece resposta (nem que sejam só 'palavras a abater'), na política, não responder, quando isso é possível, é uma posição mais forte do que ser obrigado a responder, mesmo que seja uma resposta 'ao lado'.

Ora, o silêncio, neste caso, equivale ao que Kingsley chama de 'descreditar o motivo' da pergunta.

Num confronto televisivo, por exemplo, são várias as técnicas de iludir uma resposta (responder 'por atacado', em vez de 'ponto por ponto' é uma delas, sendo, geralmente o privilégio do último a falar), ou de 'dizer algo' sem qualquer pertinência para o caso, mas que tem a vantagem de não se parecer 'encostado à parede' pelo adversário. É por isso que a televisão não favorece o 'descrédito dos motivos' pela explícita não resposta. Tem de se 'salvar as aparências' de que é 'pelas palavras que os homens se entendem'.

Quando, a eficácia das palavras não é menor para criar e manter o desentendimento...

Os partidos (e essa é uma consequência de serem organizações com os seus fins próprios, não derivando da doutrina, como dizia Simone Weil) são especialistas nessa actividade de desacreditar os motivos dos outros e de praticarem, por sistema, a não-resposta.

0 comentários: