sábado, 21 de julho de 2012

CONTEMPLAÇÃO

Johann Wolfgang von Goethe

"Odeio tudo o que se limita a instruir-me, mas sem aumentar ou revigorar directamente a minha actividade."

(Goethe)


Eis um pensamento que, segundo Alain de Botton, Nietzsche gostava de citar, mas que pode ser limitativo da auto-instrução para nenhum outro fim, além de si próprio, porque a "contemplação", na nossa melhor tradição, é a mais nobre actividade da alma.

Não deveria ser isso que o autor do "Werther" pretendia dizer. Já que parece certo que mesmo a actividade profissional beneficia, indirectamente, de nos sentirmos bem connosco mesmos, na nossa "assiette", como dizem os franceses, a alimentação do espírito "contemplativo" (não será paradoxal a ideia de um espírito activo, no sentido de que acompanha a acção?) é o que há de mais fundamental.

Eu comparo a instrução odiada por Goethe àquela acumulação de informação ou de conhecimentos para alimentar a vaidade ou o poder pessoal. E ainda assim, com alguma reserva. Na verdade, as nossas melhores qualidades nascem muitas vezes duma paixão desviada do seu primeiro objecto. Desde o "Tratado das Paixões" que isso não é novidade. E Descartes é o melhor exemplo duma ambição que forneceu a energia necessária à mais pura das contemplações.
 

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