Hipócrates (460/377 AC)
"Contudo, é movido pela mesma necessidade que leva a Medicina a não ser apenas a teoria do Homem são, mas também a do homem enfermo, quer dizer, patologia e terapêutica, que o conceito platónico da política abarca as formas degeneradas do Estado juntamente com as normais. Já no Górgias se via isto claramente. O que na República há de novo é a aplicação deste conceito da ciência, segundo o qual o conhecimento de um objecto implica ao mesmo tempo o seu contrário."
"Paidéia" (Werner Jaeger)
Platão não dispunha do conceito moderno de sistema, nem do de meio ambiente ou de evolução, que são outras tantas objectivações do espírito para interpretar a política num sentido normativo. A teoria da evolução, por exemplo, parece dar razão a uma teoria do progresso. Outros, vêem na História e na sucessão de sistemas um sentido a priori que é a continuação, noutra linguagem, da ideia do Juízo Final.
Na falta destes conceitos, Platão inspirou-se na ideia de ordem cósmica que, no homem, é desfeita pela doença e a morte. Por isso a Medicina foi a primeira ideia do que deve ser e do que não deve ser em política. Depois da sociedade humana ter evoluído como evoluiu, podemos perguntar-nos se essa ideia "iatrológica" faz ainda algum sentido.
Mas se reconhecermos que o homem da medicina hipocrática perdeu, entretanto, tudo o que fazia dele uma natureza individual e que o conceito de saúde é, cada vez mais, político e dependente da organização social e até do estado do planeta, a norma platónica continua válida (de qualquer modo, mais do que uma limitação da política à pura influência das ideias).
0 comentários:
Enviar um comentário