David Griffith (1875/1948)
"A lenda pretende que Griffith ficou tão emocionado pela beleza de uma actriz durante a rodagem de um dos seus filmes, que fez de novo filmar, de muito perto, o instante que acabava de o deslumbrar, e que, ao tentar intercalá-lo e conseguindo-o, inventou o grande plano. A anedota mostra bem em que sentido se exercia o talento de um dos grandes realizadores do cinema primitivo, como ele procurava menos agir sobre o actor (modificando o seu desempenho, por exemplo), do que modificar a relação deste com o espectador (aumentando a dimensão do seu rosto)."
"Esquisse d'une Psychologie du Cinéma" (André Malraux)
Como o teatro foi o primeiro modelo do cinema, e há autores (como Oliveira) que pretendem ser isso o essencial, a liberdade da câmara quanto ao espaço (por exemplo, a distância em relação aos actores) e ao tempo (pensemos só no uso da montagem paralela em "Intolerância" do mesmo Griffith) teve que ser descoberta.
Que o desejo esteja na origem do "close-up" está, assim, na ordem das coisas. Malraux, mais adiante, acrescenta: "é, portanto, da divisão em planos, quer dizer a independência entre o operador e o realizador em relação à própria cena, que nasceu a possibilidade de expressão do cinema - que o cinema nasceu enquanto arte."
Welles disse qualquer coisa de parecido reconhecendo o primado da montagem. Mas como não podemos imaginar um filme feito, por exemplo, de sequências avulsas, retiradas daqui e dali, temos de considerar como um exagero esta opinião.
Quanto ao grande plano, que permite dirigir o olhar e a atenção do espectador, tem muito de manipulação. Talvez seja por isso, e devido às reduzidas dimensões do ecrã, que as telenovelas fazem dele uma tão generosa utilização.
E aqui é a sugestão, medium quente, contra o princípio interactivo da televisão formulado por Mc Luhan.
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