"Uma consequência suplementar é que o desfasamento entre a idade em que o espírito humano está mais desenvolvido e aquela em que se pode ter adquirido o conhecimento exigido a um especialista competente se torna cada vez maior à medida que passamos dos assuntos inteiramente teóricos àqueles que concedem a maior parte ao concreto. Cada um de nós vive provavelmente a maior parte da sua vida das ideias originais que concebeu quando era muito jovem. Daí decorre que um matemático ou um lógico podem realizar as suas obras mais brilhantes aos dezoito anos, enquanto que, para passar ao outro extremo, um historiador pode ter que esperar pelos seus oitenta anos para nos dar o seu melhor trabalho."
"Essais de philosophie, de science politique et d'économie" (Friedrich Hayek)
Hayek explica a grande diferença entre as chamadas ciências da natureza e as ciências sociais. As primeiras podem ser cada vez mais especializadas e "produtivas" nas suas aplicações práticas, como no-lo confirma a história do Ocidente. Pode dizer-se que o sucesso dessa especialização não é passível de limite, nem, realmente, de compreensão, enquanto não for confrontado com um ideal, qualquer que ele seja. Mas com Deus tendo morrido todo o ideal, só os efeitos a prazo da tecnologia nos proporcionarão algo de semelhante a um limite. De facto, não é preciso ter vivido muito para atingir a máxima força da inteligência, como o comprova o exemplo da teoria da relatividade.
Mas o concreto é do domínio, não da inteligência, mas do juízo, que é a função do espírito mais característica do humano, porque pressupõe a liberdade e a pluralidade (Arendt).
Hayek diz também: "Mas ninguém pode ser um bom economista se só for economista. E sou mesmo tentado a acrescentar que o economista que é só economista se arrisca a tornar-se um empecilho, senão positivamente perigoso."
É por isso que, sempre que falam os jovens prosélitos das teorias económicas e de gestão em voga, devia acender-se uma luz vermelha.
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