terça-feira, 4 de setembro de 2007

AS BANALIDADES DO ORGANISMO


Wilhelm Reich (1897/1957)

Como envelheceu mal o filme de Dusan Makavejev "Wilhelm Reich - Mistérios do Organismo" (1971)!

Esse apelo ao orgasmo libertador e à masturbação universal tirava de uma incipiente crítica do stalinismo (Dusan era jugoslavo), aqui apodado de fascismo vermelho, crítica que não se distinguia de uma análise em termos de sexualidade reprimida, todo o seu ar de irreverência e inconformismo.

Entre as tiradas brechtianas e a paródia dos slogans partidários, conta-se a história de um encontro entre um bailarino russo e de uma adepta jugoslava do Organon de Reich que acaba numa decapitação (a arma é o patim de gelo), com o russo dando asas à sua alma eslava numa canção nostálgica.

Tanta inépcia custa a crer que tivesse alguma vez merecido o entusiasmo da crítica. Mas não há nada como rever o filme para nos darmos conta do caminho percorrido pela "mentalidade", desde o Maio de 68.

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