"Roma" na RTP2
Decididamente, esta série está a revelar-se uma surpresa! Até lhe perdoamos que a batalha de Farsália se tenha reduzido a uns fugazes planos de corpo a corpo, próprios duma produção indigente. César, "outnumbered", venceu porque tinha menos opções do que Pompeu, mas o terreno ajudou.
Admire-se, mais uma vez, como se procura apresentar personagens que não pensam como nós, nem se expressam do mesmo modo. Não sei se é autêntico, mas é eficaz e refrescante.
Por exemplo, a justificação de Júlio César a António para não crucificar Vorenus, da 13ª legião, por ter deixado escapar Pompeu, é uma alegação do favor dos deuses ao legionário que mais de uma vez iludiu a morte, não pretendendo ele desafiar tão poderosa e evidente protecção.
Podemos dizer que isto é superstição.
Mas se pensarmos que esse argumento reduziu Marco António ao silêncio e poupou um guerreiro cheio de valor, evitando, ao mesmo tempo, a César dar conta do verdadeiro dilema, o do honroso motivo da piedade de Vorenus, que César não podia deixar de compreender, tendo entre os seus amigos tantos defensores da República, percebemos a superioridade política duma razão que não se submeteu ainda à lógica dum único princípio.
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