Agora não se fala em manicómio, a não ser como metáfora bem humorada da sociedade dos mentalmente aptos.
Porque tem um ar de clausura e de segregação já não se usa, nem é politicamente correcto.
Em vez disso, temos os hospitais psiquiátricos ou simplesmente hospitais, que dão a ideia de que a loucura deve ser tratada como qualquer outra enfermidade.
Tornou-se, assim, mais difícil analisar a razão a partir do seu contrário e utilizar como figura de retórica a inversão dos mundos.
Mas um homem mata a sua companheira num desses hospitais e os jornais pouco mais dizem. Não sabemos de que lado da razão estava cada um dos actores da tragédia. Mas acrescenta-se que se tratará dum crime passional. Ora, a paixão só por si pode levar a uma acto tresloucado.
É o teatro do crime que acrescenta aqui um significado ambíguo e estranho. Como se o amor louco desertasse as paragens do romance e do melodrama para se render à segurança do clínico.
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