quinta-feira, 16 de junho de 2016

O PASTOR PERDIDO




(Heidegger and his wife Elfriede)



"Para Heidegger, os acontecimentos essenciais desta angústia (da Europa) são a fuga dos deuses, a destruição da terra, o homem tornado social e a preponderância do medíocre. Nesta passagem, Heidegger diz-nos que para tal meditação uma coisa é decisiva: 'A mutação ocorre pela interpretação do espírito como intelecto, este sendo interpretado como a simples faculdade de raciocinar correctamente nas considerações teóricas e práticas, tal como na avaliação das coisas já presentes.'"
"Infinite Thought" (Alain Badiou)

Será realmente o que se passa? Uma metamorfose no 'social'? Desde Aristóteles que a filosofia nos diz que somos um ser social e um 'animal político'. O que impediu que a 'decadência' de hoje acontecesse mais cedo? A 'fuga dos deuses' daria todo o sentido a essa decadência se não pensássemos que os deuses foram uma ilusão da infância humana e se uma proposição pudesse encerrar a verdade.

Diz Badiou :"Todas as categorias pelas quais a essência de uma verdade pode ser submetida ao pensamento são negativas: indecidibilidade, indescernibilidade, 'o genérico nem-tudo' e o não nomeável. A ética das verdades reside inteiramente na medida tirada deste negativo, ou por outras palavras, nas limitações colocadas à potência da verdade pelos acasos desta construção.'

A 'mediocridade' do tempo vem-lhe, pois, da conformidade social e dos nossos heróis terem perdido o favor dos deuses, ou da prisão do espírito no 'leito de Procusta' da razão ocidental?

O ex-reitor de Friburg acena-nos do seu refúgio na montanha,  com os destroços da sua negação comprometida.

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