quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O CATÁLOGO

Franz Liszt (1811-1886), Hungarian composer and pianist, plays for Alexander Dumas (the Elder), Aurore Dupin (George Sand), and the Countess Marie d'Agoult (all seated), Hector Berlioz, Niccolò Paganini, and Giacomo Rossini (standing). A bust of Beethoven by Anton Dietrich sits atop the piano and a portrait of Lord Byron hangs on the wall. Painting by Josef Danhauser, 1840.



"Se fosse preciso, ele apresentava-me a sua condessa sem corar. Tinha, talvez tenha ainda, uma alma nobre, mas é louco."


(Madame Boissier, mãe duma antiga aluna de Liszt)


A adversativa retira com uma mão o que se concede com a outra. O grande virtuoso do piano não se envergonhava duma ligação irregular e muito menos daria motivo de ofensa à susceptível D'Agoult. Era uma alma nobre.

Por outro lado, tudo o que fazia neste capítulo (da nobreza de alma) não vinha dele, nem do melhor dele, como homem e artista.

Era uma influência externa como a do 'daimon' socrático que não lhe 'soprava' o que fazer, mas que o impedia de fazer certas coisas.

A vantagem dum tal conselheiro é a de podermos dispensar os artigos duma fé, qualquer que ela seja, para estarmos presentes a nós mesmos como um todo, no passo perigoso ou desconhecido. De facto, o que sabemos de nós próprios reduz-se ao papel duma personagem sem importância. O que não sabemos, nem podemos saber é que é importante.

Não admira que Madame Boissier se defendesse de tanta incerteza com o catálogo da loucura.

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