quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A VERDADE DE AGOSTINHO

Santo Agostinho (Philippe de Champaigne)




"Deus é a verdade... Não perguntes o que é a verdade; porque imediatamente a escuridão das imagens corpóreas e as nuvens de fantasmas se atravessarão no caminho e perturbarão essa calma que no primeiro vislumbre brilhou para ti quando eu disse verdade."


("De Trinitate", Santo Agostinho)


Não se pode seguir um 'portanto', porque é na definição que tudo se perde. Não podemos partir de nenhum conceito quando falamos em Deus, porque ele é anterior ao mundo dos objectos e à natureza.

Se fosse possível ser outra coisa que o Ser ('Eu sou aquele que sou') era um entre os seres, um objecto entre os objectos, um conceito entre os conceitos.

Por isso a 'calma', a segurança, que 'brilha no primeiro vislumbre' se perde com a determinação. Como se para compreendermos a verdade tivéssemos de sair do mundo e de nós próprios.

Enquanto a verdade de todos os dias tem mais a ver com a justiça. Como dizer: justamente, esse é o caso. Mas justo com quê? Com a ordem dos factos, com a lógica do pensamento. Talvez.

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