quinta-feira, 23 de agosto de 2012

ESTÁTUAS DE SAL

O rei de sal (Cracóvia-foto de Risto Hänninen)



“A visão trágica da literatura grega gira em torno deste paradoxo profundo: o acontecimento mais esperado, mais ligado à lógica interna da acção, é também o mais surpreendente.”

George Stein (“Depois de Babel”)



Por que será assim? Mas esperado não quer dizer que o seja consciente ou pacificamente.

É assim a morte para cada um, que todos esperam, sem que ninguém saiba quando nem como vem. Outra coisa é a lógica dos nossos actos, cujas consequências não podemos inteiramente determinar, mas que importam uma necessidade até certo ponto legível.

O que acontece é que sem a capacidade de nos iludirmos a nós mesmos e de fabricarmos os nossos próprios mitos definharíamos de realidade, ante o rosto de medusa da morte e a vertigem da responsabilidade absoluta.

Não podemos olhar directamente sob pena de nos tornarmos em estátuas de sal.

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