quinta-feira, 16 de agosto de 2012

A DÍVIDA

Munich Synagogue after the war.

"Senti que me movia entre multidões de devedores insolventes, como se toda a gente me devesse alguma coisa e se recusasse a pagar."

Primo Levi (citado por Tony Judt)


Munique em escombros e as suas sombras humanas, outrora a cidade dos primeiros triunfos do mais famoso pintor falhado da história, suscita este pensamento a Levi, escapado à morte dos 'Lager'.

A 'Dívida' não pode ser paga, e é por isso que as sombras parecem adoptar aquela atitude. Pode-se ir tão longe na 'descriação' (palavra weiliana por excelência) do homem que as próprias palavras não cumprem a sua função (era o que dizia Celan referindo-se à poesia).

Deve-se responder com quê a quem negou no outro a humanidade?

Um Levi sonâmbulo atravessa a Alemanha das cinzas e depara-se  com o vazio no interior do ídolo. Não há ninguém a quem pedir responsabilidades.

A Dívida era realmente o caso de quem viveu "acima das suas possibilidades".

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