segunda-feira, 13 de agosto de 2012

A PORÇÃO

Alexandria (The Barrallier Blog)



"O amor é horrivelmente estável, e a cada um de nós é atribuída apenas uma certa parcela, uma ração. Pode aparecer numa infinidade de formas e ligar-se a uma infinidade de pessoas. Mas é limitada em quantidade. Pode gastar-se, ficar deteriorada e desvanecer-se antes de alcançar o seu objecto. Porque o seu destino reside algures nas mais profundas regiões da psique onde acabará por se reconhecer como tendo vida própria, no terreno sobre o qual construímos uma espécie de saúde da psique. Não me refiro ao egoísmo nem ao narcisismo."


"The Alexandria Quartet" (Lawrence Durrell)


É Clea quem o diz a Darcy, o narrador. O amor dirige-se a um objecto profundo dentro de nós, mas que não se confunde connosco. O outro que o intercepta seria uma espécie de catalisador, na condição de não se tomar ele como o verdadeiro objecto. Não é isso que se chama amar o amor?

Simone Weil dizia que o que é sagrado em cada um de nós é impessoal. O subjectivo é o 'véu de Maya'.

Clea era tão 'feliz' com esta ideia do amor que se sentia livre no interior do 'pathos', o que é o 'amor fati' dos estóicos. Se a porção não chega ao seu destino, não é 'necessário' que assim seja?
 

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